Nizardo Wanderley

Cavaleiro Solitário

Textos


ROLOS VIRTUIAIS
 
Tudo começa num “oi”
Um recadinho inocente
Quando se sente já foi
Aquele beijo mais quente,
Um abraço mais demorado
E aquele papo malhado
De qualquer adolescente.
 
E logo surge o “querida”
“Minha linda”, “meu bebê”
“Meu denguinho”, “minha vida”,
“To viciado em você”
E quando menos se espera
Eis que surge a “primavera”
Sem se saber o porquê.
 
Mulher casada, solteira,
Homem solteiro e casado,
Raparigas de primeira,
Bandido, corno e viado,
Buscando no virtual
Um namorico real
Pro seu mundo abandonado.
 
Tem uns velhos de sessenta
Com o perfil falsificado,
Caindo o couro da venta,
Mas a foto é de sarado,
E as mulheres (coitadinhas)
Lascam-se feito patinhas
Nas garras do desgraçado.
 
Têm velhas caindo os dentes
Com fotos de menininhas
Deixando os homens contentes
Mostrando suas bundinhas
Que na verdade roubaram
As fotos e colocaram
Como se fossem gatinhas.

Vira um caso mais que sério
E o tesão é real,
Não descobri o mistério
Que envolve o amor virtual,
Mas chega a ser muito intenso
E o ciúme é imenso
No romance virtual.
 
É somente ir à cidade
Em suas lojas internas
Comprar com tranqüilidade
Coisas que serão eternas,
Sentindo essa maravilha;
- Vibrador movido à pilha
Ciscando entre suas pernas.
 
Mulher que segue o marido
Com seu “fake” disfarçado,
Fica caçando o bandido
Querendo encontrar recado
Nas páginas de outras loucas
Que entregam suas bocas
A qualquer homem safado.
 
Existe até a santinha
Que só envia “bom dia”
E à noite vira galinha
Em busca de fantasia
E manda depoimento:
- Ai, meu tesão, meu jumento,
Vem comer tua vadia.
 
E é tanto chifre rolando
Nesse mundo virtual
Que estou desacreditando
Naquela paixão carnal
Já que basta um monitor,
Uma cam e um amor
Pra se gozar bem real.
 
A mulher antigamente
Tinha o seu pranto enrustido
Solitária e descontente
Com um casamento falido,
Vivia se lamentando
Pras vizinhas e falando
Das brigas com seu marido.
 
Mas hoje a coisa mudou,
E os homens passam mal,
Não deu atenção? Dançou!
Se negar fogo no pau
A mulher sai de fininho
E vai gozar rapidinho
Com seu macho virtual.
 
Tem umas mais atrevidas
Que entregam seu coração
E enlouquecem nossas vidas
Com sua tara e tesão,
Mas botam nos álbuns delas:
- Meu filho, minhas donzelas
E aqui “meu maridão”.

Tenho um amigo chifrudo
Que vive o mesmo dilema,
Mas se conforma com tudo
E quando eu toco no tema 
Ele diz: - Nem vou ligar,
Deixe a madame brincar,
Virtual não tem problema.


Umas até se depilam,
Passam cremes, tudo mais
Se escovam, se maquiam
Ficam tesudas demais
E viajam nos sarcasmos
Tenho múltiplos orgasmos
Nas trepadas virtuais.

O PC hoje é no quarto,
Sala é coisa do passado
Daqui a pouco tem parto,
Aborto e até batizado,
Nesse mundo pervertido
Até coito interrompido
Já foi diagnosticado.

Tem aquela que vem nua
E diz logo que te ama,
Brilhosa que nem a lua
Com u'a quentura que te inflama,
Faz um streap-tease belo
Com o dedo no pinguelo,
De quatro, em cima da cama.

Meu Deus onde vai parar
Essa santa putaria?
Eu mesmo não vou negar
Que despejo todo dia
Meus milhares de gametas
Em mais de vinte punhetas
Que eu toco (virou mania).
 
Ninguém quer sair do lar
Pra visitar seus parentes,
O bom é mesmo ficar
Esperando pretendentes
E se entregar às loucuras
Dessas paixões envolventes.
 
Se os casamentos secavam
Em seu silêncio funesto,
As mulheres aceitavam,
(Podem dizer que eu não presto)
Não preciso de confete;
- Com a vinda da Internet
Bill Gates fodeu o resto!
 
 
 
Nizardo Wanderley
Enviado por Nizardo Wanderley em 10/01/2008
Alterado em 10/01/2008


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