MENDIGO DE LUZ
Eu vivo a mendigar o amor de pego em pego
Feito um zumbi tristonho querendo ocupar
Féretros insepultos que vivem a vagar
Sozinhos como eu (além de louco, cego).
Sento-me nas calçadas, como cacarecos...
Tranco-me em banheiros de rodoviárias
E choro as minhas mágoas e dores diárias
Enxugando meu pranto à sombra dos botecos.
E a cada novo dia, a cada madrugada
Eu vivo por viver, mas não produzo nada
A não ser poesias que ao beber eu digo...
Resta-me, doravante, u’a catacumba fria
Pra acalentar, com os vermes, minh’alma vazia
E acabar de uma vez a saga de um mendigo... Nizardo Wanderley
Enviado por Nizardo Wanderley em 13/09/2008
Alterado em 13/09/2008 |