SANGRIA
Artérias que se rompem nos porões das pragas
E as células falecem no amargo fracasso
Daquele antigo amor que morreu de cansaço
Nos paredões sombrios das longínquas chagas.
Estendo a vista pelo pranto que me invade
E a íris embaçada cansa e se escurece
Nas órbitas funestas onde o olhar padece
À penumbra que cerca o leito de saudade.
E ao punho quase morto restam dois minutos
Pra que seus dedos frágeis, trêmulos e astutos
Rasurem poucas frases em letras de fel...
Deixando ali exposto toda dor que existe
Num coração sangrando que se deita triste
E deixa sua morte impressa no papel. Nizardo Wanderley
Enviado por Nizardo Wanderley em 24/05/2008
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