Nizardo Wanderley

Cavaleiro Solitário

Textos


A FALSA BEATA
 
Conheço uma mal amada
Que só vive de rezar
Não se ocupa em mais nada
A não ser se dedicar
À igreja e a orações
Jejuns e contemplações
Aos santos no pé do altar.
 
Condena quem bebe cana,
Fala mal do próprio irmão
Odeia a vida profana
E pede em sua oração
Que Deus castigue com ira
Quem vive em prol da mentira
E imerso em fornicação.
 
Só assiste à Canção Nova,
Não relaxa a Rede vida,
Sua fé é a maior prova
Dessa beata querida
(Por todos da sua igreja)
Que xinga, bate e apedreja
Qualquer alma pervertida.
 
Mas, como não existe santa!
E todos têm uma crosta,
Maquiar não adianta
Quando a verdade é imposta
O ditado se estufa;
- Quando vier muita “bufa”
É sinal de pouca bosta!
 
E eis que essa falsa “Madre”
Foi vista na sacristia
Pegando no pau do padre,
Meu Deus do céu, quem diria
Que aquela mulher prendada
Estava sendo enrabada
Quase todo santo dia?
 
O boato se espalhou
E o padre pediu segredo
Até dinheiro ofertou
Pra não cair no degredo
De ter seu nome manchado
Perseguido, maculado
E apontado com o dedo.
 
Quem viu a cena comeu
Do pároco, mil reais
E ao mesmo prometeu
Que não falaria mais
Sobre a mão de “Messalina”
Por debaixo da batina
Mexendo nos “castiçais”.
 
Eu sei e o mundo também
Que ser padre é complicado,
Por detrás daquele “amém”
Existe um ar de pecado
Que enaltece a hipocrisia
Pois padre, na maioria,
Ou é viado ou tarado.
 
Nunca vi padre de “cor”
Cantar na televisão
A igreja faz louvor
Na base da apelação
Lançando padres bonitos
E isolando os esquisitos
Nas paróquias do sertão.
 
Está aí Fábio de Mello
O padre das multidões
Fazendo virar farelo
Centenas de corações
Que se apaixonam por ele
Não vendo a batina dele;
- Mirando só os culhões.
 
Padre Marcelo voou
Junto com Antônio Maria
Mas a igreja inovou
Com a sua mais nova cria
Que “disfarçado” em louvores
Fala de sonhos e amores
Em sua vã melodia.
 
Dentre os tais “padres cantores”
Só por um nutro carinho
Esse sim canta louvores
Sem ter mídia em seu caminho,
Mas por pouco faturar
Pouco se houve falar
No pobre Padre Zezinho.
 
Mas voltando à pervertida
De quem eu estava falando
Ela mudou sua vida
E nem está mais brigando
Com quem vive no pecado,
Ao contrário, está ao lado
Dos que vivem copulando.
 
Já comeu mais de cinqüenta
Meninos da região
Dizem que ninguém agüenta
Sua vulva é um vulcão
Que lateja sem parar
E ao ver macho passar
Ela entra em erupção.
 
Tem até homem casado
No time que ela comeu,
Um mudo, um cego, um aleijado
Um barão e um plebeu
Uns quarenta da favela
Quatro que vendem panela
- E o casado sou eu.
 
Ela adquiriu respeito
No bairro, virou manjar!
Usa perna, bunda, peito
E sempre nos faz gozar,
Não é mais aquela chata
Ou seja, a falsa beata
Que só sabia julgar.
 
Tenha fé no coração!
Vá à missa... É muito bom!
Mas nunca perca a razão
Nem relaxe o seu batom
E guarde essa frase enfática:
- Deus não aceita fanática
Que nunca desce do tom.
 
Sempre duvide de quem
Anda com um terço na mão
Jurando fazer o bem
Pregando sempre o perdão
Pois, por vezes, nessa luta
Esconde uma grande puta
Sem Deus e sem coração.
 
Dê esmola a quem tem fome,
Cobertor a quem tem frio,
Mantenha limpo o teu nome
E o coração sempre frio
Sem ódio, mágoa ou rancor
E espalhe o teu amor
A cada peito vazio.
Nizardo Wanderley
Enviado por Nizardo Wanderley em 24/02/2010


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras